quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Quem nos observa?

Certo dia duas crianças inseguras decidiram juntar suas rotinas de pouca cor para enfrentar ferozmente um mundo de magia que sempre se houve falar por ai, mas que elas ainda não conheciam.
Viveram durante um tempo em uma casa simples e pequena, não era preciso possuir muitas coisas para ocupar todo o espaço da casa, o imenso amor que a pouco nascera dentro dois dois habitantes, era mais que o suficiente para preencher aquele sutil lugarejo composto de seres que demonstram agudeza de espírito.

Como era de se esperar, ali eles viveram alguns dos momentos que elegeram como transformadores para sua vida, verdadeiras experiências que acontecem com muita força e vigor: Temporal intenso, sofrimento instantâneo e a felicidade a dois como problema individual.
Porém, como eram apenas crianças, pouco era o medo que eles tinham de brincar e mesmo num lugar onde as próprias crianças ditam as regras, eles pareciam finalmente encontrar uma ordem para que tudo aquilo funcionasse como um grande sonho, um sonho de criança.

Duas crianças e energia sobrando, quem sofria mesmo era a casa, que com o tempo, foi se confundindo com as crianças até se tornarem uma só saudade de guardar a outra em cada partida e despedida. Para as crianças, a casa simbolizava o berço do seu amor, e para a casa, as crianças simbolizavam o errante, a intuição humana lutando contra possibilidades impossíveis.

Em tempo de férias escolares, não se ouvia o característico som das crianças transitando e usufruindo do seu tão importante espaço, durante esse tempo, imagino que a casa chore toda a noite com o vazio ali plantado sem aqueles dois e agora ela está fechada a bastante tempo.
E essa não é a breve história de duas crianças, nem da casa... Essa história é para aqueles que acreditam que há sempre um lugar no mundo disposto a ser o palco para quem se ama, esses lugares geralmente são compostos de memória, ancestralidade, beleza e identidade.

Então, caso você já tenha sido criança, morou em algum lugar considerado único, teve medo de crescer e juntou sua rotina a de um semelhante. Parabéns, essa história foi escrita para você e por você então! Pois não importa a fôrma, se você capricha no carinho como faz as coisas, com toda certeza você já fez algum lugar nesse mundo se sentir pra lá de especial.