quarta-feira, 23 de abril de 2014

Penumbra.

Vai ver era hora de dormir e não de escrever, afinal, passa da escura meia-noite e ainda tenho a vida toda pra pensar ao menos uma linha que não sirva pra você. 
Será que é melhor escrever quando... Estiver um pouco mais claro aqui dentro? Hum, se eu recorrer a tecnologia dos eletrônicos até que saem uns versos. 
Não estou dizendo que é a mesma coisa do que abrir a cortina, claro. 
Mas agora tudo o que vem de fora escorre sorrateiro pelas calhas e termina em algum ralo que eu sei lá onde vai dar. Queria uma interferência capaz de estimular fendas diferentes dessas de apenas fechar os olhos e imaginar uma miragem no deserto, sentindo a volúpia ao lamber cada gota daquela poça de água aparente. 
Ela, que se fechou a falta de inspiração e ar fresco, me cega no escuro desse quarto que sufoca a falta de tudo o que ainda não escrevi vindo de ti. E por incrível que pareça eu sigo tentando escrever no escuro porque mesmo que seja uma pequena mania talvez, acho que pra abrir a cortina tem hora.  
Esbarro no tempo que eu não vejo passar aqui dentro. Queria mesmo era enxergar no escuro e escrever muito mais sobre tudo isso que eu não tenho para falar.  
Sabia que no escuro o tempo passa diferente? Passa sombrio, passa trancafiado, áspero denso.
  
Passa a vontade de escrever. E eu não vejo a luz no fim do túnel ou o fim da tempestade, só vejo em minha frente essas palavras correndo como quem brinca de pique logo ali, rogando serem escritas em círculos, por alguém paciente. 
Encho outro copo até a borda, vou perdendo o medo,  deixo essas palavras transbordarem até formar o texto mais coeso possível. 
Como se eu não me conhecesse.  
Como se eu não odiasse destruir minhas certezas que viram cinzas todos os dias em que eu te odeio pra ser um pouco justo comigo.

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