quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

A carta

Uma caneta preta
caneta preta porque tinta até mancha
mancha mas não se apaga
e preto porque acho bonito
nem todo preto remete à obscuridade
enquanto minha visão esteve escura
ao fechar de meus olhos
em luz meu pensamento realizara
num tempo perfeito
meus maiores desejos.

Um papel qualquer com cheiro de lembrança
qualquer porque nunca liguei pras formas
porém perfumado
com a imitação fiel de terra molhada
poeira subindo, dia chuvoso...
Pois assim estava o tal dia do beijo
que me mudou a vida.

Um destinatário em branco
em branco porque no lugar onde estamos
as outras pessoas ainda irão chegar
os que ousarem, talvez se aproximem
esse horizonte rabiscado
espalhado em um abismo de única beleza
que é o mistério, suponho
da própria natureza
que nos transfere de felizes a tolos
repetidamente
com uma facilidade verdadeira.

Usei esses elementos pra cooperar com nossa historia
e se minha vida então for um livro
essa historia é um capitulo que nunca saiu do rascunho
parece que o revisor da editora preferiu não encaixa-lo aos demais
fitou o material na minha frente:
- Sem nexo e incompleto! - disse com cara de lamento...
E desde então o capitulo até ganhou novas linhas
mas continua isolado nesse envelope que te entrego
como um presente que, dentro da formalidade
te servirá só daqui a mais um instante.

Beijo, tomara que o carteiro não erre o endereço.

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