terça-feira, 16 de outubro de 2018

Nem sequer.

Ébrio e saudoso, não escrevo este poema. 
Sequer me coloco alheio à alegria do mundo. 
Não acendo este cigarro. 
Nem me coloco à deriva de meus pensamentos. 

Há, no entanto, sentimento peculiar 
Que anuncia a felicidade de estar aqui, 
Em tempo dissonante, 
Circunstância idêntica, 
Lugar comum, nossas vidas as mesmas. 

Não falamos sobre antigas namoradas, 
Sequer olhamos para trás e rebobinamos o destino. 
Nem nos sentimos infelizes; 
E eu, não produto de uma não nostalgia, 
Encontro lugar exatamente onde estou. 
Feliz e conciso. 

Quem me dera, ó Dara, 
Tivesse preocupações, 
Não soubesse que vida viver, 
Me fizesse triste por não tê-la comigo, 
Em momentos como este, 

Em que não reflito sobre a vida, 
Sequer acendo este cigarro, 
E a desejo mais que meus pensamentos, 
Em vez de pensar em escrever este poema. 

(As ondas não me apagam. 
E às estrelas não me encaminho, 
De onde ela possa não vê-las 
Mesmo que tão distante...)

Brunno Freire

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